Segurança no elevador depende da manutenção        

Técnico fazendo manutenção em elevador

Os elevadores são considerados um dos meios de transporte mais seguros do mundo. No entanto, essa reputação pode levar condomínios a uma perigosa zona de conforto, adiando manutenções, modernizações e atualizações técnicas necessárias.  “Segurança em elevador não é um rótulo permanente. Ela é resultado direto de cuidado contínuo e decisões responsáveis do condomínio”, alerta Rodrigo Sá, consultor independente e auditor de manutenção de elevadores, que atua em condomínios de São Paulo e cidades vizinhas. Segundo ele, ao contrário dos carros, que recebem revisão com frequência ou são substituídos com o tempo, os elevadores, mesmo sendo usados diariamente por dezenas de pessoas, costumam ser negligenciados. 


A manutenção e a vistoria periódica de elevadores são essenciais para garantir a segurança dos usuários, prevenir falhas e assegurar o pleno funcionamento dos equipamentos, conforme as normas técnicas e regulamentos vigentes.

 (Eduardo Santiago de Lima, diretor técnico, Viks Elevadores)


A água acumulada no poço do elevador pode vir a causar curto-circuito e provocar incêndio no quadro de comando – vide foto. Na outra imagem, observa-se que a corrente de compensação apresenta emendas com arame — em caso de ruptura, isso pode causar desde o travamento da cabine a acidentes graves com o equipamento e o técnico da manutenção  


Rodrigo menciona que o número de acidentes com usuários e técnicos aumentou no Brasil nos últimos anos e relaciona o fato à queda na qualidade das manutenções, à falta de técnicos qualificados, à ausência de modernizações e à fiscalização insuficiente. “Temos no mercado empresas de manutenção que executam um excelente trabalho, sem dúvidas, mas, infelizmente, também temos aquelas que deixam a desejar”, diz. Ele acrescenta que reverter esse cenário exige investimento em manutenção técnica de qualidade, boas práticas operacionais e decisões mais conscientes por parte dos gestores condominiais. Veja outras considerações do especialista na entrevista a seguir.

Direcional Condomínios – O que um síndico precisa saber para promover segurança em elevadores?

Rodrigo Sá – O síndico não precisa ser técnico, mas deve conhecer o básico: entender qual elevador está instalado, sua idade, histórico de reparos e necessidades de atualização. É fundamental saber que a responsabilidade é compartilhada entre o condomínio e a empresa de manutenção. Capacitar o zelador ou gerente predial para acompanhar as manutenções e, sempre que possível, contar com uma consultoria especializada garante mais segurança e decisões técnicas bem embasadas.


Além das atualizações tecnológicas e da modernização dos sistemas, o bom funcionamento do elevador depende de uma manutenção preventiva adequada, inspeções regulares e boas práticas no uso do equipamento.” 

(Rogerio Meneguello, diretor, Primac Elevadores)  


DC – O que os moradores precisam saber sobre esse equipamento?    

Rodrigo – Muitos problemas em elevadores são causados pelo mau uso. Pular dentro da cabina, apertar repetidamente os botões, forçar portas, exceder o limite de passageiros ou carga, além de transportar pets sem controle adequado e permitir que crianças pequenas usem o elevador sozinhas, representam riscos à segurança e ao funcionamento. É fundamental que os moradores entendam que o elevador é um equipamento técnico e sensível, e que o uso consciente evita falhas e acidentes.  

DC – Temos visto acidentes em que o usuário solicita o elevador e este não chega ao andar; mesmo assim, a porta se abre, o passageiro entra e cai no fosso. Por que essas falhas mecânicas acontecem?  

Rodrigo – Em geral, decorrem de manutenção irregular, desgaste de componentes ou uso de peças obsoletas. Os principais vilões são problemas nos freios e nas portas, que impedem o elevador de parar corretamente ou travar com segurança. A prevenção depende de manutenções periódicas bem executadas, uso de peças adequadas e, sempre que necessário, atualização dos sistemas.

DC – Quais mitos sobre elevadores ainda persistem nos condomínios?   

Rodrigo – Um mito comum é o de que o elevador pode cair devido à ruptura dos cabos, o que é improvável. Ainda que isso ocorra, o equipamento tende a despencar apenas alguns metros e parar por conta do freio de segurança, desde que esteja com a manutenção em dia. Outro mito recorrente é o de que o elevador pode ficar sem ar durante uma pane. As cabines possuem ventilação natural ou ventiladores. Ficar preso é desconfortável, mas não há risco de asfixia. O essencial é manter a calma, acionar o alarme e aguardar o resgate.  


Uma boa empresa oferece suporte técnico emergencial 24 horas, com agilidade no atendimento, histórico sólido, tempo de atuação e boas referências. É fundamental que atue de forma preventiva e esteja comprometida com a segurança dos usuários.

(Rogerio Meneguello, diretor, Primac Elevadores)  


DC – Elevadores modernos exigem menos atenção do síndico?  

Rodrigo – Pelo contrário; exigem ainda mais atenção. Por usarem tecnologias avançadas, demandam conhecimento técnico especializado, manutenção adequada e acompanhamento constante. As peças são mais caras, e erros de gestão podem comprometer o desempenho ou a segurança. Um síndico bem informado, com suporte técnico qualificado, é essencial para transformar a modernização em ganho real para o condomínio e seus usuários.   

DC – Em visitas a condomínios, com quais irregularidades você se depara?  

Rodrigo – Encontramos, com frequência, freios desregulados, cabos e polias com desgaste, contatos de segurança irregulares e muita sujeira — não só na casa de máquinas, mas em todo o sistema. Gambiarras são comuns, assim como poços com água e janelas projetadas fora de norma, possibilitando que entre água da chuva e haja infiltrações nos equipamentos. Essas falhas colocam vidas em risco.   

DC – Quando é recomendável contratar uma consultoria independente? Por quê?  

Rodrigo – Quando os problemas se repetem, os orçamentos assustam ou a modernização está em pauta. A consultoria independente traz visão técnica imparcial, avalia contratos, corrige excessos e identifica falhas que afetam segurança e custos. O resultado são elevadores mais seguros, decisões mais assertivas e economia com responsabilidade. Um bom diagnóstico evita dores de cabeça futuras.   

DC – De que modo a consultoria técnica pode auxiliar o síndico durante a negociação ou troca da empresa de manutenção?  

Rodrigo – A consultoria serve para avaliar propostas, identificar riscos ocultos, cláusulas desfavoráveis e eventuais falhas que podem comprometer a segurança dos elevadores. Também analisa a capacidade real da empresa contratada e garante que o contrato reflita as necessidades do condomínio.  


Por lei, a manutenção preventiva deve ser realizada mensalmente, independentemente da frequência de uso. Vale lembrar, ainda, que a manutenção preventiva proporciona maior segurança aos usuários do equipamento e é mais econômica quando comparada à corretiva. 

(Leandro Ferreira, diretor comercial, Grupo OrionLift Elevadores)  


DC – Em prédios novos, é válido incluir cobertura de peças no contrato?  

Rodrigo – Mesmo em condomínios novos, a manutenção mensal dos elevadores é exigida por normas técnicas e legislações municipais. A garantia dos equipamentos geralmente expira antes ou logo após a entrega do prédio. Por isso, firmar um contrato com cobertura de peças pode trazer mais tranquilidade ao síndico. No entanto, é essencial avaliar bem o escopo, os prazos e os custos antes de decidir. Cada caso exige uma análise técnica criteriosa.   

DC – Quanto a elevadores antigos, qual o momento de partir para a modernização?  

Rodrigo – Manter elevadores antigos pode sair mais caro que modernizá-los. Quando os reparos se tornam frequentes, peças são difíceis de repor e o desempenho impacta no conforto ou segurança, é hora de repensar. A modernização pode reduzir custos operacionais, aumentar a eficiência e valorizar o imóvel. 

DC – O que o síndico deve observar ao contratar uma empresa de manutenção de elevadores?  

Rodrigo – É fundamental avaliar suas referências, registro nos órgãos competentes, capacitação dos técnicos na tecnologia instalada, agilidade no atendimento emergencial e disponibilidade de peças. Também é importante analisar a estrutura técnica, o histórico de conformidade com normas e a qualidade dos serviços prestados. Uma escolha bem fundamentada evita surpresas, reduz riscos e garante a segurança e o bom desempenho dos elevadores.  


Agradecimento ao entrevistado 

Rodrigo Sá, consultor e auditor de manutenção de elevadores  



Matéria publicada na edição 314 ago/25 da Revista Direcional Condomínios

Não reproduza o conteúdo sem autorização do Grupo Direcional. Este site está protegido pela Lei de Direitos Autorais. (Lei 9610 de 19/02/1998), sua reprodução total ou parcial é proibida nos termos da Lei.


Autor