Boa parte da população das grandes cidades brasileiras prefere morar em condomínios por causa da segurança. Levantamento realizado pela AABIC junto à Receita Federal mostra que só no Estado de São Paulo existem mais de 57 mil condomínios.
A preocupação com segurança é cada vez maior. Quem pode, contrata empresas, instala sistemas de vídeo e coloca vigilância externa. Porém, os especialistas dizem que nada disso adianta se o porteiro do prédio não for bem treinado. Um caso que aconteceu em São Paulo só acabou bem graças à habilidade da porteira.
A porteira do condomínio achou estranha a ligação que recebeu na semana passada. Do outro lado da linha, uma mulher se identificava como uma moradora, que na verdade não existe. “Ela autorizou a suposta neta a entrar com um namoradinho. Eu fingi que acreditei. Aí eu falei que tava tudo certo, que poderia vir, que a entrada estava liberada”, relata a funcionária.
A porteira ligou para a moradora do apartamento e descobriu que o nome que a golpista deu era, na verdade, da mãe dessa moradora. “Na hora eu falei: ‘nossa! Isso é um assalto!’. Minha mãe é falecida há 12 anos. Só que a linha telefônica ainda está no nome dela e eu, por comodidade, acabei deixando”, conta a moradora.
As câmeras do sistema de segurança registraram quando o casal chegou. A moça se identificou como a neta da moradora e disse que o rapaz era seu namorado. Como não puderam entrar, os dois insistiram em frente ao prédio.
A síndica, Elaine Zanquetta, disse que tentou chamar a Polícia Militar, ligou várias vezes, mas só dava secretária eletrônica. Do lado de fora do condomínio, o casal repetia que tinha autorização para entrar. Do lado de dentro, a porteira, o zelador e a síndica se recusaram a deixar. Os dois desistiram e foram embora sem levar nada.
Nesse caso, a presença de espírito da porteira fez toda a diferença e evitou que estranhos entrassem no condomínio. “O ponto vital da segurança do condomínio ainda é a barreira humana, que é a portaria, o funcionário que está a frente de tudo”, afirma a síndica.
No caso que aconteceu no Carnaval, em um bairro central da cidade, o morador não teve a mesma sorte. Três ladrões convenceram o porteiro que eram convidados de um morador que estava viajando. O porteiro tentou entrar em contado, mas não conseguiu e acabou permitindo a entrada dos bandidos. Os ladrões levaram joias, relógios, dinheiro e eletrônicos. Três suspeitos foram presos e vários objetos recuperados.
Funcionários bem treinados e equipamentos modernos são essenciais para a segurança de um prédio, mas o papel do morador também é muito importante. Todo condomínio tem regras e procedimentos e quando eles são quebrados, a segurança fica comprometida.
“Por exemplo, chegou uma visita em casa e o porteiro vai segurar a visita lá fora até conseguir contato com o morador. E o morador fica bravo, desce na portaria e fala: ‘você deixou minha mãe dez minutos na rua, nunca mais faça isso’. O que acontece é que o porteiro fica com medo e na próxima vez não cumpre o procedimento”, alerta Márcio Rachkorsky, especialista em segurança de condomínios.
A produção do Jornal Hoje procurou a Polícia Militar para saber por que os moradores não conseguiram falar com nenhum atendente. A PM respondeu que está apurando o que aconteceu.
O condomínio entregou as imagens do sistema de segurança para a polícia e registrou um boletim de ocorrência. O caso está sendo investigado.
Fonte: reportagem de Carla Modena/ TV GloboSão Paulo – Reproduzido pelo Portal G1 SP