Nas fotos, jardim projetado pela paisagista Simone Campos na CASACOR São Paulo 2025. Na imagem A, pisos sustentáveis e drenantes, uma boa opção para demarcar os caminhos nos jardins; na imagem B, móveis de design agregam conforto e modernidade aos espaços comuns
Investir na manutenção preventiva das áreas verdes e apostar em melhorias contribuem para transformar os jardins em espaços agradáveis e convidativos
Os jardins são um respiro de natureza em meio à cidade de concreto. Nos condomínios, podem e devem funcionar como área de convivência, com recantos para relaxamento, um bate-papo com amigos ou simplesmente para descansar enquanto as crianças brincam no playground. Na prática, porém, nem sempre os jardins ganham a importância que merecem.
A manutenção não pode ser descuidada em nenhuma época do ano. Para a paisagista, design de interiores e engenheira Simone Campos, é fundamental contratar uma empresa de manutenção com referências e que apresente um plano de trabalho. “É preciso firmar com que frequência serão feitas as visitas para que o pessoal dê conta do serviço, como poda, limpeza de canteiros e coroamento de árvores. Recomendo um calendário semanal para o jardim, e também um por estação do ano, com a relação de tarefas a serem cumpridas”, constata.
No final do inverno e início da primavera, por exemplo, Simone indica que a grande maioria das plantas passe por poda e adubação. Acostumada à manutenção de grandes espaços – cuida, por exemplo, de um condomínio horizontal na Granja Viana com 240 mil m², sendo 150 mil m² de área verde comum – Simone orienta também quanto à gestão de árvores de maior porte, especialmente para evitar problemas com as tempestades de verão. Ela explica que recorre a empresas terceirizadas que contam com engenheiro agrônomo. “Sazonalmente, dentro de um cronograma criado, esse profissional faz uma inspeção no condomínio, verificando galhos quebrados, avaliando as raízes e eventuais doenças nas árvores. Há casos em que recorremos a profissionais que contam com equipamentos de ultrassom, porque há problemas que não são detectáveis visualmente. Há árvores lindas que caem sem dar sinais. Podem ter sido plantadas incorretamente ou estar com problemas nas raízes”, explica.
Sobre árvores na calçada, Simone aconselha a não fazer podas por conta própria, mesmo porque costumam envolver a rede elétrica e intervenção da Enel. “Qualquer serviço em árvores nas calçadas necessita de aprovação da Prefeitura. E até mesmo em relação às árvores internas, um agrônomo lauda o motivo da poda ou da supressão da árvore, e esse documento é encaminhado à Prefeitura, que então envia um técnico para comprovar o problema e autorizar o serviço. Normalmente, precisamos ainda fazer uma compensação, doando mudas ao viveiro público”, reforça.
Para reformas nos jardins, Simone Campos indica sempre a contratação de um paisagista. “Ele saberá avaliar a planta certa para o lugar certo, escolher novas espécies, se for o caso, e verificar por que as plantas não estavam se desenvolvendo, se for esse o caso.” E se a intenção for criar áreas de convivência, devem ser analisados o público que usará o espaço (crianças, jovens, idosos), móveis e acessórios adequados, iluminação, escolha de pisos drenantes ou antiderrapantes, por exemplo.
Na mostra de arquitetura, decoração e paisagismo CASACOR São Paulo deste ano, o espaço montado por Simone Campos contou com calçadas permeáveis, mobiliário ergonômico com bom design, bebedouros, plantas nativas, árvores frutíferas para atrair a avifauna e também iluminação com lâmpadas LED.
Espaço agradável para todos
Tornar os jardins dos condomínios mais agradáveis é possível mesmo sem espaços suntuosos. Foi o que fez o síndico Eduardo Boscolo no condomínio com 48 unidades onde mora e é gestor orgânico há 15 anos. Tudo começou com a criação de uma horta. “A construtora entregou uma boa área apenas com pedriscos. Alguns moradores duvidavam que a horta desse certo. Mas eu queria um espaço mais agradável para todos. Foi minha primeira iniciativa bem-sucedida. Hoje, os moradores descem para colher os temperos que irão usar na cozinha”, comemora.
O próximo passo foi transformar um simples gramado em um orquidário. Um serralheiro instalou uma estrutura de ferro. As mudas de primavera e sete-léguas logo abraçaram toda a cobertura. “Passei a colocar orquídeas, sempre incluindo novas mudas, e criamos o orquidário. O caramanchão ficou lindo, todo iluminado com fios de lâmpadas do tipo bolinha de 15 watts. Parece uma vila italiana!”, compara Eduardo. O espaço recebeu bancos de madeira e uma lareira que funciona a lenha. Em noites frescas, não é raro que os moradores degustem um bom vinho e passem momentos agradáveis no local.
E as melhorias não pararam por aí. Por sugestão do zelador, o síndico criou ainda um tanque com carpas. O lago conta com cachoeira e um sistema com bomba e filtro que trata e circula a água, sem desperdício. A área pet arrematou o espaço, com várias árvores frutíferas, como jabuticaba, amora, pitanga, limão- -siciliano, macieira, limão-galego e araçá – todas frutificando. Eduardo Boscolo frisa que, para incrementar os jardins do condomínio, o ideal é contar com um zelador que goste de plantas. Síndico profissional em outros condomínios, ele afirma que nem sempre tem o colaborador indicado para esse tipo de tarefa. Mas acredita que o essencial é o síndico ter boa vontade para implantar melhorias. Eduardo aprovou o espaço pet em assembleia, já que estava criando uma área nova. “Sempre busquei agregar novidades e melhorar o que já existia”, finaliza.

Síndico Eduardo Boscolo e os atrativos criados para as áreas comuns no condomínio em que mora e administra, como orquidário, lago de carpas e espaço pet com árvores frutíferas

Matéria publicada na edição 135 set/25 da Revista Direcional Condomínios
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