SPDA e fiação elétrica nos condomínios

Recuse para-raios sem comprovação técnica; e dê atenção à emenda e isolação dos fios.

 

 A eletricidade oferece uma série de riscos, dentre os quais os provenientes de serviços ofertados e executados por profissionais sem capacitação e desatualizados. A medida de proteção contra descargas atmosféricas, por exemplo, tem de estar adequada e em ordem, mas para isso funcionar é preciso cercar-se de cuidados. Há pessoas que se dizem profissionais, mas apenas querem vender alguma solução para o seu prédio, valendo-se de um documento assinado por um engenheiro que muitas vezes nem sabe o que está fazendo.

 O SPDA, como é chamado o Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas, tem de seguir a norma ABNT NBR 5419, sendo composto de captores (aqueles que vão em cima do prédio), descidas (que muitas vezes são feitas pelas estruturas das ferragens) e sistema de aterramento, que tem a função de descarregar a energia do raio para a terra. Esse sistema completo garante que se um raio cair no prédio, será conduzido à terra de forma rápida e segura. Não acredite em sistemas que atraem raios para um ponto ou os expulsam para longe. São dispositivos sem comprovação técnica e não podem ser usados no Brasil.

Pois bem, esse sistema tem que estar íntegro, mas ele só protege a estrutura da edificação, ou seja, o prédio. Para proteger os equipamentos eletroeletrônicos, há que se projetar e instalar sistemas de proteção contra surto de tensão, tarefa a cargo de um engenheiro eletricista e com base na norma ABNT NBR 5410 e 5419 também.

“Em manutenções pontuais é importante o condomínio contatar e contratar profissionais qualificados e habilitados, inclusive certificados com a NR-10. Também é crucial utilizar materiais homologados pela concessionária ou por reconhecidos institutos de certificação.”

(Elvis Lima, eletrotécnico, Merlini Engenharia)

Mas os raios nem sempre caem no prédio, às vezes, caem em fios, e aí mora outro perigo. Dependendo da energia e do fio, ele pode se partir e colocar em risco as pessoas que estiverem perto. Há praticamente um mês, em uma chácara no Rio Branco do Sul (PR), um cabo partiu e caiu na piscina, deixando nove pessoas feridas, e acarretando a morte de uma mãe e dois filhos (sendo que a filha estava grávida). Isso aconteceu em uma chácara, mas poderia ter sido em um condomínio, já que sabemos que tem vários fios instalados em locais de circulação de pessoas, os quais muitas vezes não recebem manutenção ou nem sempre ela é feita por um profissional qualificado, o que pode resultar em uma emenda malfeita e causar acidentes.

Outro alerta é para fios presos em grades metálicas, portões e mesmo em locais onde crianças e adolescentes têm acesso fácil. Esses fios devem sempre estar protegidos contra contato através de “eletrodutos” de PVC ou alumínio, com as caixas de passagem fechadas e as emendas (dentro dessas caixas) bem isoladas ou com conectores de qualidade. Vejo constantemente fios e cabos, com isolação simples, presos a grades e portões e amarrados por arames ou fitas plásticas. Qualquer falha na isolação desse cabo fará com que ele energize a estrutura metálica, colocando em risco quem nela tocar.

Essa dica serve também para a área de quadras e piscinas, quando são iluminadas, e os fios passam por dentro de tubos ou perfis metálicos. Se não forem usados fios e cabos adequados e os sistemas de proteção de passagem dos fios não estiverem íntegros, pode haver rompimento do isolamento e energizar toda a estrutura metálica, e mais uma vez, se alguém tocar, pode ser alvo de choque elétrico, muitas vezes fatal.

Sistemas de iluminação de quadras e piscinas, assim como de jardins, devem ser alimentados por circuito elétrico que possua IDR (Interruptor Diferencial Residual), um dispositivo obrigatório por norma técnica desde 1997 e que precisa ser instalado em circuitos que atendam áreas molhadas dentro de edificações ou áreas externas. Mantenha a instalação elétrica do seu condomínio sempre em condições de segurança. 

“É fundamental, para a segurança das instalações elétricas, que o material empregado seja sempre de primeira linha, mas o manuseio dos mesmos tem que ser realizado por empresas habilitadas.”

(Ademir Ramos Moura, engenheiro eletricista, Triunfo Elétrica)

 

Matéria publicada na edição 298 mar/24 da Revista Direcional Condomínios

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Autor

  • Edson Martinho

    Engenheiro Eletricista, é diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). Escreveu e publicou o livro "Distúrbios da Energia Elétrica" (Editora Érica, 2009).