
Arquiteta Eleonora Zioni, especialista em Arquitetura para a Saúde
Para a arquiteta Eleonora Zioni, especializada em Arquitetura para a Saúde e sustentabilidade, com mestrado na área pela Universidade de São Paulo e coordenadora dos cursos de pós-graduação de Arquitetura Hospitalar do Hospital Albert Einstein, “os moradores devem se mobilizar para que a norma de desempenho seja atendida”. “Já temos sentença judicial contra construtora, que a obrigou a reparar a falta de isolamento acústico na parede de compartilhamento do quarto de uma unidade com a área de serviço de outra, a qual produzia ruídos constantes a partir da máquina de lavar roupa. Segundo a norma, as áreas dos imóveis classificadas como ‘de permanência’ precisam ter silêncio.”
A especialista destaca que o mercado dispõe de soluções técnicas capazes de atenuar o desconforto nas edificações com elevado índice de reclamações. “O síndico pode orientar o morador a instalar um revestimento acústico mais eficiente ou criar um espaço que chamamos de insulamento, em que o próprio ar faz o isolamento, é o melhor isolante que existe. Pode ser uma placa de gesso acartonado, com o qual se faz uma outra parede no cômodo. O morador vai perder espaço, mas ganhar em conforto. Isso, no entanto, precisa ser calculado por um profissional.”
A própria Eleonora providenciou o isolamento acústico das lajes do apartamento onde mora, em São Paulo. “Instalei gesso acartonado no teto, deixando um vão de ar entre o forro e a laje da unidade de cima. E entre a laje de baixo e o piso, coloquei uma manta elástica, que não deixa passar a vibração e o ruído.”
A arquiteta afirma haver dois principais tipos de incômodos percebidos como barulho: Ruído e vibração. “Uma máquina de lavar roupas faz ruído [do funcionamento do motor], que passará pelas paredes e janelas, mas também poderá produzir vibração no piso, que passará pela laje.” Sim, as janelas “também não costumam vedar”, ressalta. Já uma caminhada com salto alto no piso provoca vibração (por isso a dica das mantas entre o revestimento e a laje), enquanto conversas exaltadas do vizinho geram ruído.
O lado comportamental
No entanto, além das causas físicas associadas ao barulho, é preciso considerar o aspecto comportamental envolvido com as queixas. “As pessoas, na pandemia, começaram a ouvir ruídos durante o dia, em casa, com os quais não estavam acostumadas. Além disso, tem havido um nível maior de estresse, que as torna menos tolerantes ao ruído (E este, já é, comprovadamente, a primeira fonte de estresse nas pessoas). Depois de um ano e meio de pandemia, todos estão muito cansados, com perdas familiares, de amigos, emprego, renda”, diz.
A alternativa, então, é procurar, do ponto de vista individual, buscar “uma distração que tire o foco do barulho”. “É importante acionar as memórias, lembrar-se de coisas boas, ouvir músicas relaxantes, dançar, na chamada musicoterapia.” Subsíndica do prédio onde mora, Eleonora pondera, por outro lado, que o condomínio deve definir regras que atenuem a produção de ruídos e vibrações, como nas reformas das unidades. “Estabelecemos o horário das 9h às 16h para as obras, de segunda a sexta-feira. Mas vai de cada condomínio fazer as normas de acordo com as necessidades das pessoas.” O importante para o condomínio é que as pessoas convivam com harmonia, completa.
Matéria publicada na edição - 269 - julho/2021 da Revista Direcional Condomínios
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