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Sempre que assume a gestão de um condomínio, Ana Carolina Rodrigues logo verifica se as instalações de gás natural estão de acordo com normas técnicas da ABNT, instruções técnicas do Corpo de Bombeiros e se a manutenção preventiva está a contento. Isto porque “são importantes medidas na prevenção de acidentes, além de serem requisitos para renovação do AVCB”, diz a síndica profissional. Porém, em um condomínio da década de 1980, ela se deparou com um processo de modernização inconcluso.
Gás encanado representa comodidade, mas se houver vazamentos pode trazer risco aos moradores e à edificação. Gestores têm de ficar atentos às manutenções do sistema e, condôminos, ao reformar cozinhas e áreas de serviço dos apartamentos.
O gás é um produto extremamente útil na vida dos brasileiros. Seja para usar no fogão ou para aquecimento de água, ele é indispensável no nosso cotidiano. Mas os perigos que ele trás são proporcionais à sua importância.
A gestão do consumo e da segurança das instalações de gás no condomínio é o foco desta reportagem, que mostra ainda os cuidados adotados pelos síndicos para evitar riscos ao prédio e aos moradores. A segurança do sistema é condição essencial para a liberação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
Duas tragédias envolvendo aquecimento interno da água por meio do gás mobilizaram o noticiário em 2019. Em Santo André (Região Metropolitana de São Paulo), no mês de julho, um casal, o filho de 3 anos e a filha adolescente morreram asfixiados pelo monóxido de carbono que vazou do aquecedor a gás, aparelho que estava sem a chaminé de exaustão (item obrigatório). Cerca de dois meses antes, em maio, no Chile, seis turistas brasileiros também morreram por causa da inalação do monóxido de carbono (pai, mãe, filho e filha adolescentes e um casal de tios).
O Condomínio Residencial Jardim dos Ipês, localizado em Guaianazes, zona Leste de São Paulo, instalou rede de distribuição de gás para todas as 600 unidades de seus 30 prédios.
O síndico deve se empenhar na conscientização dos moradores a respeito dos riscos que envolvem os aquecedores a gás, especialmente quando instalados por profissionais inabilitados, e sempre que a manutenção periódica desses aparelhos for negligenciada.
Ao modernizar ou promover reparos no sistema de gás das edificações, os síndicos precisam contar com a colaboração dos moradores durante a suspensão do abastecimento. O jeito é organizar a logística da obra com antecedência, pois essa manutenção não comporta adiamento ou paliativos.
Apesar da proibição legal, muitos condomínios em São Paulo permanecem com o uso de botijões de 13 kg no interior dos apartamentos, colocando em risco a segurança do empreendimento e, principalmente, das pessoas.
Um prédio residencial sofreu sérios danos no mês de maio no Rio de Janeiro depois da explosão causada pelo acúmulo de gás em um dos apartamentos. O morador da unidade morreu dias depois, vítima dos ferimentos.
Condomínios extraem benefícios de uma “boa briga” de mercado que envolve a distribuição do Gás Natural e do GLP. Ambos os segmentos ampliam os serviços às edificações e oferecem, entre outros, alternativa de cobrança individualizada e cobertura total ou parcial dos custos de adaptação. Quem ganha é o consumidor, apontam os síndicos.
Autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) dispõe de portarias que contém especificações mínimas para medidores individuais de gás instalados nos domicílios e também dos veículos transportadores do GLP. “O Inmetro aprova o modelo de medidores de gás (Portaria 31/97) para determinação individualizada do consumo e aprova os medidores tipo turbina (Portaria 114/97) para grandes consumidores”, afirma Marcelo Freitas, chefe da Divisão de Articulação e Regulamentação Técnica Metrológica do órgão.
O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, que representa o segmento do GLP, apresenta a seguir, em entrevista à Direcional Condomínios, um balanço da expansão do mercado de Gás Liquefeito de Petróleo de uso nos domicílios residenciais e aborda a modernização dos serviços nesta área.
O mercado da distribuição do gás aos condomínios nos principais centros urbanos do Estado de São Paulo procura oferecer hoje serviços parecidos, como a individualização do consumo; apoio financeiro integral ou parcial à adaptação dos equipamentos nos prédios e apartamentos; abastecimento contínuo; e assistência técnica. É o caso da Comgás, concessionária de distribuição do Gás Natural em São Paulo (além de Grande São Paulo, Campinas, Baixada Santista, entre outros) e de empresas que fazem engarrafamento e abastecimento do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).
No Brasil, as distribuidoras de gás combustível tem o dever legal de disponibilizar a todos os consumidores: apoio, orientação e assistência técnica - prestada por uma equipe de profissionais qualificados que deve estar apta para atender às eventuais reclamações do consumidor e a realizar os seguintes serviços:
Uma revisão geral nos equipamentos e instalações de gás nos apartamentos é uma ótima medida preventiva contra vazamentos e acidentes. Além dos fogões, os aquecedores de água devem ser vistoriados uma vez ao ano, orienta Sérgio Moisés, consultor na área de gás. “Se o aquecedor está com a chama avermelhada ou alaranjada, não alcança a temperatura ideal. Sua chama não é rica e na verdade ele está gastando mais gás”, informa, acrescentando que o aquecedor também pode estar com vazamento, de gás ou de água. “A manutenção é mais econômica e saudável ao consumidor. Deve-se exigir o uso de produtos normatizados e procurar sempre uma assistência técnica autorizada pelo fabricante”, diz.
O sistema de gás de um condomínio é composto pelo conjunto de tubulações e equipamentos, aparentes ou embutidos, destinados ao transporte e controle de fluxo de gases. O sistema de instalações de gás pode ter duas origens: no ponto de fornecimento da companhia concessionária do serviço público de abastecimento de gás (gás de nafta ou gás natural) ou nos reservatórios de GLP (gás liquefeito de petróleo). Desses pontos, partem as ramificações para os apartamentos.
Apostar na manutenção preventiva é a melhor garantia contra acidentes envolvendo gás. “Quando se utiliza ou manipula gás, o principal risco de acidentes é quanto a vazamentos”, diz Herculano Gonzaga de Carvalho, administrador de condomínios e coronel reformado do Corpo de Bombeiros. Nos apartamentos, é indicado checar vazamentos em todo ponto onde exista emenda de tubulação e nos controles do fogão, por exemplo, sempre utilizando espuma de sabão. Deve-se ainda manter o registro do gás fechado à noite ou durante ausências prolongadas dos moradores. Mas o vazamento também pode estar nas tubulações. Para fazer essa verificação, o indicado é procurar a companhia fornecedora de gás.
Descoberto em 1609, pelo químico holandês Jan Baptista Van Helmont, o gás representou uma revolução para a vida moderna. A iluminação artificial foi o primeiro avanço de importância, sendo que as primeiras lâmpadas a gás começaram a iluminar Londres em 1807.
Todo cuidado é pouco quando se trata de transportar e armazenar gás LP e diesel no condomínio.